Passagens secretas

12/29/2009



O trabalho,
a política
o lazer
a religião
a ciência
todas essas instâncias
e também aquilo a que chamam "vida" nunca me consomem.
São pequenas bolas que circundo e observo de fora
para ver nelas a cara deformada
como refracções nos enfeites de natal.

Eu sou, dentro do espírito, um ser etéreo que trespassa moléculas
sou a energia sem matéria
a matéria sem contaminação
a metafisica
o quas'apogeu de relatividade
o julgar monótono da estratosfera
o anticristo e o fim das leis.
Mas ao mesmo tempo moro fisicamente dentro de algo que não vejo e não controlo
como as fobias ou como deus.

Existem as paredes do útero
sem frio, nem medo,
sem portas, nem janelas, nem pernas, nem cérebro, nem veneno nem poder ou decisão.

lá dentro,
como o deus cristão,
deitado na sombra do sétimo dia
Eu nunca me vou embora de ti.
ás vezes esgravato o picotado escrito na palavra comum
encho o peito com cinquenta litros de ar
e vou-me embora de nós.
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