tributo ao passado

E se um abutre tiver fome nesta noite calma?
Dou-lhe as minhas vísceras cheias
Em troca de um bocado de vazio
Agora não tenho tempo para isto,
Para os comboios atrasados
P’ra intestinos parados
O tempo passou a correr
E já lá vai comigo atrasada
De rojo
arrastada...
E o chão é sempre negro
macadame...
A civilização não chegou ainda
Os padres andam ai
E os homens que circulam no arco da rotina
Que míseros...
Preocupa-me mais provar a finitude do universo
E escrever sobre o nada
Preocupa-me o tempo que se foi
E mesmo assim quanta glória ainda concedi aos dias errados
Quantos sorrisos lhes dei
Amigos desses não preciso
De pequenos crimes está o inferno cheio.
Preocupa-me as palavras que rimam
Preocupam-me as horas
E estou atrasada p'rá vida
Estou atrasada p’rá morte...
 
 
Rena
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