o assassino

12/17/2004
No antro, no corpo, no nada
Senta-se o homem escravo na posse do vazio.
E de olhos na paz das flores
Exclama na voz do pensamento
As feridas da morada alugada

Levanta-se num murmúrio
Nas suas salinas de luz
Sentem as mãos a face
Donde desponta a barba agreste
Na vontade de matar tudo o que teima em crescer.

Batem os raios na pele seca
Nasce o incentivo...
A natureza cresce e brota o assassino de dentro da terra.


Rena
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Pandora no mundo de electra

12/02/2004
Abandonei os grãos da semeadura
No relento de todas as manhãs passadas.
Dlin dlão, toca a porta.
Dia certo, o da lembrança…
Antes mandasses postal…
Da outra vez vinha sem remetente,
Pareceu-me o meu nome e abri
Afinal eras tu, Pandora no meu mundo de Electra
A tear o mal em cada não!
E que ‘inda hoje me roubas horas à noite
Só para dizer que existes!
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um dia sonolento

10/29/2004
O dia baço e pesado acorda cedo
Deixa-me o corpo dormente no passar das horas
Sinto o fechar das pálpebras
Coisas pequenas
O mundo parado
O animo morto
Outrora ressuscitado
O futuro
Houvera sinais
O mundo estático na forma do corpo parado
Persiste e recorda
Remoinhos mentais
Solvente do ser
Eis o que encontro aqui
A mortificação
Triste como o tempo só.

rena
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O pintor

10/26/2004
os significados adormecem
e a nossa pequenês segue em frente
esquecida nos lençois brancos
das historias infantis.
vou passeando na galeria de arte da vida
dos reflexos condicionados
das escolhas perdidas.
redescubro o momento
na pintura classica
do melhor pintor que já viveu
lá revejo o significado
e na pintura inacabada
esse pintor sou eu...

rena
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O regresso

10/22/2004
O regresso foi calmo, imprevisto
Vi as tuas mãos chegar
Vi-te esfumado e sóbrio
Num desejo sem ser teu
O sonho
Dois dias em ti
Sem nunca estar em ti
Acordei ao lado da escolha
Beijei a escolha
Fiz a tua escolha
Marquei a ditadura
Confirmei a certeza do não abandono
Desprezei o meu ser
Porque afinal as chagas marcam
E o meu destino traçou-se assim.

rena
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Síntese

9/21/2004
Ficaram ao largo os pulsos laços
Eu trouxe o retrato de todas as horas
Escolhi a essência certa
Sintetizei-nos na folha

Ficaram ao largo as crianças
Escritas na memoria e revistas no acto
O meu corpo que é pequeno
Esvaiu-se na pele vasta

Respirei-te
Digeri-te
No consenso inquestionável
A imagem que inventei apareceu
Eu acreditei, e hoje és tu.


Rena
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Café da Manhã

8/26/2004
Café da Manhã

Pôs café
na chávena
Pôs leite
na chávena com café
Pôs açúcar
no café com leite
Com a colher
mexeu
Bebeu o café com leite
E pôs a chávena no pires
Sem me falar
acendeu
um cigarro
Fez círculos
com a fumaça
Pôs as cinzas
no cinzeiro
Sem me falar
Sem me olhar
Levantou-se
Pôs
o chapéu na cabeça
Vestiu
o impermeável
porque chovia
E saiu
debaixo de chuva
Sem uma palavra
Sem me olhar
Quanto a mim pus
a cabeça entre as mãos
E chorei.




Jacques Prévert
França
1900-1977
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O peso em ouro

8/25/2004
É sempre aqui que me apanhas
Nas torrentes inseguras do meu querer e não querer
Aqui me ficam as palavras sem cor
Sempre repetidas
No sentimento repetido
Em mil vezes mil vezes
O que outros alugaram ao mundo leviano
Trago eu ás costas
Como um instinto
A melhor aprendizagem que fiz
A descoberta do mais pesado
A ganância do meu ser
O peso em ouro do teu coração
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Monet's lake

8/24/2004
.
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Adriana Calcanhoto

8/24/2004
.

V'ambora

Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem, v'ambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas




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Eximio Bourdieu

8/24/2004
"Todo o poder assume uma dimensão simbolica: deve obter dos dominados uma forma de adesão que não assenta na decisão deliberada de uma consciencia ilustrada mas na submissão imediata e reflexa dos corpos socializados(...)Essas relações de poder assentam num conjunto de pares de opostos que funcionam como categorias de percepção.Os dominados constituem essas relações de poder do mesmo ponto de vista dos que afirmam o seu dominio fazendo-as aparecer como naturais" Pierre Bourdieu
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fahrenheit 812

8/12/2004
A revolta inicia a busca.
o homem artificializa a natureza (ohn)
velha gaiteira(ohff)
a mecanica cromoossomática (soma dos cromos(caderneta(cadeia neta)))
o hermafroditismo (cadeia genética)
no pos-nascimento psicológico
ele é um cavalo no Éden,
eu comentei a tua finalização.
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A Flor

8/03/2004
Corpos celestes chocam de frente
Estilhaçam-se e dançam o resto dos dias
Eu vivo dentro da flor
Como me explicaram a flor
Filtrado um vitral de ti na pétala
Esqueço a variação ante a constância
O sangue quente a meu favor
Eu sonho quebrar-te a fronteira
E desejo extinguir-me em ti

Rena
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Noite fora da pagina

8/03/2004
Deixei a noite cansada fora da página
O regresso deixou uma carta ao medo
Constato a invasão do absurdo e as palavras correm
Como o cintilar do ar vazio
Descubro a saudade antes da porta
E abraço-a depois de entrar.


Rena
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7/21/2004



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Palavras

7/19/2004
Ás vezes sinto nestes versos uma comemoração da inteligência humana
Como galanteios da minha faculdade de sentir por palavras
Depois reflicto melhor
E aquilo que escrevo é mais denso que pedras
….
São palavras puras
Puras como as coisas puras
Raras, caras
Aquilo que escrevo é parte do real
Que se atropela numa fonte só
Custa muitos mais quilos de dor que de prazer….
Que regozijo mais triste.
 
 
 
Rena
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tributo ao passado

7/19/2004
E se um abutre tiver fome nesta noite calma?
Dou-lhe as minhas vísceras cheias
Em troca de um bocado de vazio
Agora não tenho tempo para isto,
Para os comboios atrasados
P’ra intestinos parados
O tempo passou a correr
E já lá vai comigo atrasada
De rojo
arrastada...
E o chão é sempre negro
macadame...
A civilização não chegou ainda
Os padres andam ai
E os homens que circulam no arco da rotina
Que míseros...
Preocupa-me mais provar a finitude do universo
E escrever sobre o nada
Preocupa-me o tempo que se foi
E mesmo assim quanta glória ainda concedi aos dias errados
Quantos sorrisos lhes dei
Amigos desses não preciso
De pequenos crimes está o inferno cheio.
Preocupa-me as palavras que rimam
Preocupam-me as horas
E estou atrasada p'rá vida
Estou atrasada p’rá morte...
 
 
Rena
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sagrada cegueira

7/14/2004
Vejo passar o carniceiro meu irmão.
Vejo passar noites e dias sem contestação
Erguem machados à dor!
E erguem hinos à carne os cultivadores da nova moral!

Como ousam não pedir licença ao rio que pisam?
E não pesar na balança a dor alheia
Olhos cegos que de nada servem
Os dos homens que beijam a ignorância da sagrada cegueira…


Rena
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adormecer

7/14/2004
Ficaram apenas os esporos, sementes leves
Na sopa homogénea de ar em que me encontro
E eis que um me bate ao de leve
E mais outro, e mais outro...

Foi nisto que ficaste
Em esopros de vento pequeninos
Em bugalhos de luz
A lembrar-me de que podia ter sido bom
E a dizer que ainda é possível!
…E eu a negar!!!
A afastar os tremendos sonhos que já mil vezes mandei de volta!!!
...
Calma…
É só uma aragem,
Em breve fecho as luzes
E deixo que se vá na noite...



Rena
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o segundo vencedor

7/14/2004
Nascido no tempo da historia escrita
No grupo dos sacrificados
Cada respirar uma derrota
Quase cessam as lutas
Poucas lições se dão ou obtêm
O calor espalha-me na pele a condição de perdedor
E rio-me das vantagens pois são romances que evitam o genocídio.
Sou presa fácil de quem domina
O meu mundo é ao contrário
O mundo é ao contrário da ideia
No chamamento do segundo vencedor.


Rena
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a carne

7/14/2004
São cúmplices essas mãos que me tocam no escuro
Devagar …
Devagar …
Escorrem de entre o cheiro calmo
Arrepios e dardos atirados ao gesto
Sincronismo da minha mente na tua
Posso pedir perdão mil vezes p’lo que falha
Outras mil pelo que falta
Mas no meu saber eu sei
São o amor e o devaneio
Que dão cara ao homem
E que o chamam à carne de vez em quando
p’ra lhe presentear a inovação.


Rena
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trauma

7/13/2004
O vento investe contra ele
Na rotina menos azeda que outrora
Congratula-se a escravatura light
Doentia educação…
Encabeço a lista da derrota
No desejo de ser outrem
Pois o meu corpo frágil é erguido pelo trauma…


rena
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Olá do rapaz pouco engraçado.

7/13/2004
Olá eu sou um tipo pouco engraçado... era só para dizer olá.
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outro cansaço

7/13/2004
Não fosse eu tua pertença Cansaço
Eu dava o comando aos sonhos
.
Passam os dias no meio da história escrita
Imprimem-nos satisfação no uso sem fim
Deforma-se o corpo sem lucro …
Sim
Morreram os escravos doutrora
Mas escreveu-se a moral
E a paisagem terrena
Caem as folhas sem gozo nem fé
E a morte tão dentro se atenta no espírito
Nos dias levados aqui mesmo ao pé.


Rena
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Sob ordem nunca

7/13/2004
Quero estar aí…
Por favor!!!
Quero estar aí!!!
Consumo-me na angústia do espaço
E afogo-me no tempo que perco
No “entre nos” que dista da minha boca à tua
No segundo em que temo ver-te ir
Pela ausência da minha palavra…
Não vás!!!
Sob ordem nunca!!!



Rena
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6 paredes do cubo

7/13/2004
Para acabar com o eventual desagrado
Da minha presença e do meu querer
Litros de sal caíram ao chão
A noite fechou-se só,
Incompleta
Enquanto a palavra pesava demais
Cinco ou seis kilos numa só mão!
O sono levava a dor a quatro pés
O sono a trazia na escuridão
Abra cadabra, revela por dentro
Alta miséria de quem não controla
A dor que conduzo para o teu coração.


Rena
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desdobramento recursivo da pseudo-ciencia

7/13/2004
São leves e serenas as palavras
No lustro da minha boca
Desdobradas e mudadas
No mundo da mudança constante

Enganam-se tolos com hinos à ciência
E outros tolos se enganam em rezas espectantes...
Outros ainda que vivem a inércia dos dias
Murmuram estranhos pedidos em uníssono...

Busco na mente as causas das causas das causas
E entre questões sobre causas me perco
Esboçam-se ignorantes sorrisos sobre palavras ditas
E mais uma vez na festa das certezas me encontro de saída
Rumo ao futuro regresso...


Rena
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equação

7/13/2004
Queria ser o parasita convidado
Que nunca pudesse ser negado
Enquanto dentro em ti vivesse
E sentir-te em meu torno amarrado
Beijando meu cada bocado
Programar-te e escrever-te p'ra sempre meu

mas...
Sonhei que desabava o mundo sobre o meu céu
E fazias de ti as nuvens idas
Havias morto o meu ninho quente
Deixando a branca maca em espera...

Oh, permitires-me viver em ti
Meu caminho, sóbrio sentido...
Desejo apenas que o valor dos passos que em ti deixo
Não equacionem o perder da minha vida...


rena
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pressado

7/13/2004
Se as recordações passassem na balança
Diria que existiam.
O passado pesaria mais
E o presente cairia no passado
Como num baloiço de criança...


Rena
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vermelho

7/13/2004
As lágrimas correm-me o rosto com fúria
A raiva expande-se no sistema fechado
E as paredes apresentam falhas

Oh não.
Tantos dias que faltam para o fim
Quase desespero no vermelho dos dias do mal acabado
Disseram que o mundo acabava em chamas
Eu preferi mata-lo antes...

Rena
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o peso

7/13/2004
Esmagam-se multidões no meu peito
A carne contra a carne
Os ossos contra os ossos nas contenções do meu temor
E da ausência de cura na voz maldita

Passaria antes a brisa e a neblina das manhãs de domingo se guardasses o teu corpo em minhas mãos,
Se prendesses a tua mão em volta à minha

A noite fabrica empecilhos neuronais
Custa pensar que demais não pense sem razão
E custa entender a esse peito largo e só,
Aquilo que se me apresenta em escuridão.


Rena
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Uma prosa qualquer...

7/13/2004
O filho perguntou ao pai…
As árvores da cidade não se sentem sós? E o pai intrigado pôs os olhos dele nos do filho sem saber a resposta

O menino pensava na terra
A terra não é o espaço das plantas? Perguntava apontando para a cercadura de pedra pela qual tentavam romper as raízes mais rebeldes de uma daquelas árvores onde todos rasgam o nome com uma qualquer chave.

Então o pai pensou que as arvores viviam na mais cruel solidão.
Aquela para a qual correm os homens sem saber…e não, não é por viverem em casas de betão e andarem em ruas de asfalto…
O pai pensou no filho…pensou nas suas perguntas, nos seus conceitos naturais de cabecinha pequena, e na lógica neuronal de um menino de 6 anos que acabara de entrar para a escola da qual regressavam lado a lado.
Afinal as arvore estavam sós.
Para todos os efeitos estéreis, sem terra, sem nada que dar ás suas sementes que ao caírem rolavam para a estrada ou faleciam na pedra fria da calçada.
Quanta pena deveriam de sentir as mães que davam à luz os filhos num mar de rocha sem mais nada. …
Deambulando em pensamentos com o menino pela mão eis que: olha! Estás a ver?
Aquela árvore tem um filho! Que está ali ao pé dela
Só lhes falta darem as mãos… e o menino fixava os olhos no rebento enquanto os passos lhe empurravam o corpo em frente…
Afinal as arvores não estavam sós, nem sequer eram estéreis!

Então o pai descobriu que se perdia a forma mais sã do amor.
O pai percebeu o estatuto idílico dos “selvagens”
O amor estava ali…entendeu todos os dilemas dos românticos dos saudosistas, dos sensíveis e inteligentes nas suas eternas buscas pela definição do amor.
Entendeu a dificuldade da descoberta de uma coisa que se perdeu, da qual apenas resiste a palavra, o termo sem sentido, o conceito perdido.
O pai entendeu que o amor está em nós, de nós para nós com a prova no outro.
Cultivar em si mesmo o bem sem que o nunca possa ver em si mesmo porque ele, aquele que está na mãe só será visto por seus olhos no seu rebento, no seu menino pequenino, na sua educação, que fazendo de suas mãos um torno molda o menino à sua semelhança e percebe como é bela, e percebe como gostam dela.
O pai percebeu que o amor não existe de nós para os outros, essa ideia é apenas o caminho da descoberta, a afirmação da verdade, a prova.
Finalmente entendeu os olhos daquela árvore que via o seu filho crescer e percebia como era bela e o amava por isso.
Então, quase ao chegar a casa sentiu pena de deixar o seu menino tão lindo, mais e mais lindo a cada dia que passava, todo o dia longe de si. Sentiu pena de não poder ensinar-lhe o mundo que os seus olhos viam, pena de não se gastar com ele…de não se gastar consigo…
Sentiu pena de não se puder amar assim…
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